Alta Noite

Levantei exacerbada no meio da noite, pulei da cama ignorando o breu do quarto e permaneci de pé tentando repassar o sonho. Mas o coração pulsando forte não me deixava concentrar no que havia sonhado a pouco. Da onde vinha aquela angústia?
Sentei na cama e quis chorar. Não consegui. Tentei voltar a dormir mas não dava, me sentia vulnerável, só, como se naquele momento houvesse apenas eu e minhas desilusões. Resolvi rezar, mas rezar pra quem, e por quê? Antes eu precisava destrinchar todo aquele sentimento desconhecido, ou omitido por mim mesma. 
Por onde começar? Fui fuçando aqui, um pouquinho lá e tudo que eu queria era apenas gritar de ódio, de dor. Mas não o fiz. Continuei no escuro, quieta, descoberta e aflita. 
Me enxerguei tão abandonada, desnutrida, quanto tempo eu me deixei assim? Nessa hora eu chorei, como pude? As lágrimas caiam compulsoriamente e foram rolando sem parar, até a cabeça doer.  
Alta noite o vazio em mim me dizia pouco, afaguei meu próprio rosto, decidi cuidar de mim.

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